Powered By Blogger

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Disciplina da Inovação

Em 1985, Peter Drucker publicou na Harvard Business Review um artigo intitulado “The discipline of innovation”, onde fazia a apologia da inovação empresarial como área de trabalho das empresas, considerando-a como “função empresarial”, e também como “disciplina”, na medida em que constitui um corpo organizado de conhecimentos.
Volvidos mais de 20 anos, os empresários e as empresas, assim como os governos e os países têm vindo progressivamente a dar mais atenção às questões da inovação, quer sobre o desígnio de objectivo de “inovação tecnológica”, quer sobre a forma de projecto político como ilustra entre nós o “plano tecnológico”. Quer um quer outro enfoque, debruça-se sobre a capacidade das empresas e países no sentido de melhorarem a sua competitividade através da prática da inovação e tecnologia, criando novas empresas, riqueza e emprego.
Já antes, num outro trabalho publicado em 1973 intitulado “Management, Tasks, Responsabilities, Practices”, Drucker afirmava que nas empresas só há duas funções verdadeiramente importantes. Funções que na realidade criam riqueza e valor para o cliente, que é quem compra o produto e/ou serviço. Essas funções são o “Marketing e a Inovação”, sublinhando em continuação que “tudo o resto são custos”. É que é muito importante o que se passa dentro da empresa, o que se faz “dentro de portas”, mas é muito mais importante a observação do comportamento do mercado e do consumidor, bem assim como numa prática de inovação contínua centrada nas necessidades do cliente, ou seja do que se passa “fora de portas”. É no mercado que se revelam as empresas competitivas, aquelas que conseguem satisfazer as necessidades do consumidor e aquelas que não o conseguem. Dentro de portas é-se mais ou menos eficiente, mas é fora de portas que se testa a verdadeira eficácia, traduzida na capacidade de satisfazer as necessidades do cliente, de forma continuada e melhor que os concorrentes.
Não parece que estas realidades e o ensinamento que encerram, tenham ecoado ainda fortemente nos nossos empresários e empreendedores, e muito menos ainda nas escolas de gestão. Há uma tendência muito vincada para nos centrarmos nos “meios” em detrimento dos “fins”. O fim da empresa, como organização social que é, não está dentro mas sim fora dela. E esse fim é o consumidor / cliente. Os “custos” referidos por Drucker, são os meios e recursos que a empresa organiza e utiliza de forma a cumprir o seu fim. Eles distribuem-se pelas áreas das finanças e contabilidade, Produção, Recursos Humanos, Sistemas de Informação de Gestão, etc. estas funções são fundamentais e de grande importância. Contudo, per si, só geram custos e encargos. Por outro lado, o Marketing e a Inovação, porque dizem respeito directamente à satisfação das necessidades do cliente e à busca do seu conceito de “valor”, geram proveitos e riqueza, sendo assim, cruciais e muito mais importantes para atingir o fim da organização.
Pena é que muitos empresários, gestores e também muitos académicos, tardem em percepcionar esta realidade, e continuem a trabalhar virados de costas para o mercado. Oxalá acordem!...

Sem comentários:

Enviar um comentário