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sábado, 24 de dezembro de 2011

Transpiração e Inspiração

"Acima de tudo, a inovação é mais trabalho do que génio." (Peter Drucker)

O Sonho

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
pelo sonho é que vamos

Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo,
que talvez não teremos.
Basta que a alma dêmos,
com a mesma alegria,
ao que é o dia-a-dia.

Sebastião da Gama

domingo, 13 de novembro de 2011

A democracia e os políticos

O estado da economia e das finanças de Portugal não está para brincadeiras! Já muito se disse e muito se vai sabendo… são os buracos, as omissões, as ocultações, o favorecimento de sectores da sociedade, e dos amigos. Em democracia tudo se tem tolerado! Recentemente soube-se que o primeiro governo de José Sócrates concedeu milhões de euros de subsídios a várias companhias aéreas de baixo custo com o objectivo de fomentar a entrada de turistas. Ainda que o fim fosse bom, não é lícito usar o dinheiro dos impostos para beneficiar directamente companhias aéreas!...

Mas como vai a nossa democracia? Como vai o nosso sistema político?

A sociedade é composta de pessoas e organizações. De pessoas que fazem a comunidade e de organizações que servem a comunidade. As Pessoas e o seu bem-estar estão no fim das sociedades e das comunidades. As democracias e os sistemas políticos existem para servir as pessoas e as comunidades. E não o contrário. Por isto, a democracia é apenas um tipo de regime, configurado num determinado sistema político que é um meio, não um fim em si mesmo. A democracia é um meio para servir o bem comum e as pessoas, não um fim em si.

E a democracia portuguesa não tem servido as pessoas e as suas comunidades. Tem-se servido das pessoas para servir o interesse dos actores políticos, aqueles que vivem da política, daqueles que ganham com o perpetuar do poder!

E assim, esta democracia já não serve as pessoas e a sociedade. Esta democracia perverteu-se e adulterou-se. É necessário mudar o sistema político. Repensar tudo. Repensar a república e a monarquia. Repensar as autonomias regionais e a limitação dos mandatos. Repensar os círculos uninominais e a gestão de Portugal por técnicos. Precisamos de menos política e mais pessoas!

sábado, 5 de novembro de 2011

Ética dos meios e dos fins

É comum falar-se de que o endividamento do Estado Português é colossal. Colossal a sua dívida e colossal o deficit das contas públicas. São frases colossais que sublinham a dimensão do deserto que temos que percorrer. Um deserto de austeridade e sacrifícios que nos é imposto.

Contudo, não +e frequente falar-se das responsabilidades dos agentes públicos na gestão da coisa pública. Os políticos a nível da administração central, regional e local e os gestores das em+presas públicas, administram os impostos dos portugueses com muita ligeireza. Fazem orçamentos, alocam recursos e investimentos, contraem empréstimos, celebram contratos ruinosos para o Estado, fazem e desfazem de acordo com os seus interesses mediatos e imediatos, consoante as pressões corporativas e o interesse eleitoral. E onde está a ética política? Onde estão as boas práticas de gestão pública? Onde está a observância dos critérios da boa gestão pública, a eficiência, a eficácia, a legalidade e a proporcionalidade? De certeza que eles não estiveram nas últimas décadas em Portugal, pelo menos na maioria dos casos.

É lícito no mínimo questionar onde está o sentido de responsabilidade e a competência na gestão pública. A felicidade dos cidadãos, as novas estradas, novos hospitais, escolas, etc não constituem por si sós fins absolutos. Não vale tudo para atingir um fim eleitoral, uma promessa ou um interesse corporativo. Há limites. E os limites na gestão pública são os critérios da eficiência, eficácia, legalidade e proporcionalidade.

Parece que os nossos governantes esqueceram tudo isto. Confundem fins e meios. Confundem os objectivos a atingir com os recursos a alocar para os atingir. E isto porque os fins não justificam os meios. O alcance de um fim bom em si, tanto na esfera pública como privada, não justifica qualquer meio, ou seja, a construção de uma auto-estrada não justifica qualquer meio a alocar no projecto. Um fim “bom” em si não justifica um meio “mau”!

É urgente recuperar os valores e práticas de gestão pública. É urgente recuperar a ética da responsabilidade e da competência.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Viver acima das possibilidades

O agudizar das medidas de austeridade de combate à crise financeira de Portugal, tem levado muitos a difundirem a ideia de que o Estado tem gasto mais do que devia, de que Portugal tem vivido acima das suas possibilidades. Se em parte estas apreciações têm um fundamento, elas têm sido usadas de forma a generalizar e diluir as responsabilidades do estado a que Portugal chegou.

Os portugueses que nas últimas décadas se propuseram junto dos Bancos a contrair empréstimos com vista à compra de habitação, foram sempre confrontados com a prova dos seus rendimentos reais e com a obrigatoriedade de conceder garantias bancárias. As instituições financeiras calculavam as taxas de esforço dos portugueses, obrigavam a existência de hipotecas, avales, garantias diversas como seguros de vida e outros. A preocupação com o cálculo final da dita taxa de esforço, transmitia aos clientes dos bancos da necessidade de não afectar ao serviço da dívida mais do que 40% ou 50% dos seus rendimentos. Estes procedimentos foram para além do mais, pedagógicos e didácticos, muito embora não tenham resolvido os efeitos dramáticos da perca de emprego.

À margem destas práticas saudáveis, o Estado português, na pessoa da sua Administração central, local, das regiões autónomas e também das empresas públicas, multiplicou práticas de endividamento descontrolado sem qualquer preocupação de medição da taxa de esforço. Por razões eleitoralistas, na maioria dos casos, mas também por irresponsabilidade e incompetência, os governantes de Portugal nos cargos que ocuparam na administração central, local, nas regiões autónomas e nas empresas públicas, recorreram ao crédito desenfreadamente. Os velhos princípios de gestão que aconselham a práticas eficientes e eficazes foram vilipendiados. A boa gestão aconselha a medir os meios e recursos que se afectam aos fins. Mas os nossos governantes, sobrepuseram o instinto eleitoralista aos princípios elementares de gestão. As consequências estão à vista!...

Mas quem é que viveu acima das suas possibilidades? A generalidade dos portugueses que foram obrigados a calcular e respeitar as suas taxas de esforço? Ou os governantes da Administração central, local, das regiões autónomas e das empresas públicas, que se endividaram sem limite algum? A demagogia da afirmação do viver acima das possibilidades está à vista. As generalizações são sempre perigosas e esta não foge à regra.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

1920 versus 2011

“[…] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não
descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter,
havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em
pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da
mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política
portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro […]

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de
quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação
unânime do País.

[…] A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer
dela saca-rolhas;

Dois partidos […] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, […]
vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas
palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo
zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu
no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar…”

Guerra Junqueiro (1920)

Qualquer semelhança com a actualidade é pura coincidência...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Imaginação e Inovação




"Em tempos de crise a imaginação é mais importante que o conhecimento" (Albert einstein)

domingo, 10 de abril de 2011

Keynes versus Schumpeter

O estado a que o Estado Português chegou é fruto de um longo caminho. As políticas públicas das últimas três décadas basearam-se essencialmente na crença de que ao Estado cabe o papel de incentivo e de motor do desenvolvimento económico do País. Este paradigma, muito colado às teses Keynesianas, legitimou práticas de endividamento do País, para níveis insustentáveis do ponto de vista da racionalidade económica e financeira. As correntes políticas que seguem e seguiram práticas expansionistas assentes no endividamento público, são fortemente responsáveis pela crise da chamada “dívidas soberanas”. No tempo de Keynes não existia a globalização, não existiam os mercados financeiros nem a especulação financeira.
Em 1945 Schumpeter defendeu a tese de que o desenvolvimento económico de uma nação dependia essencialmente do investimento privado. A iniciativa empreendedora individual, a procura constante pela inovação empresarial e organizacional seria o impulsionador crucial para o crescimento. A racionalidade das teses de Schumpeter revelam-se agora de uma actualidade sem precedentes. A evidência e a prova dos seus argumentos estão agora plasmados na crise actual.
A economia Keynesiana, “top-down” em que o Estado “toma conta” de nós está a mudar dramaticamente para uma economia Schumpeteriana, “botton-up”, assente na inovação produzida pela pessoa e pelas empresas privadas. Por isso, são as pessoas que estão na linha da frente que têm de investir e de correr riscos. O empreendedorismo é o caminho do crescimento económico do País.

sexta-feira, 4 de março de 2011